terça-feira, janeiro 17, 2006

. Hospitais - Uns Esperam, outros Deseperam

Pode não ser um tema apropriado para as primerias "frase da lua" mas fica a reflexão do estado caótico da saúde em Portugal. O meu dia de hoje dividido em três fases - frases - Hospitalares

1. Morre um jovem de 17 anos no Hospital Pulido Valente vitima de uma doença rara. A família a braços com o luto, a perda e a dor debata-se com o problema logístico de não ter possibilidadade de cremar o corpo do filho, uma vez que na CML o crematório não tinha vaga se não lá para o fim da semana. Valeram as "cunhas" e as pessoas colocadas nos sítios chave. O problema dos portugueses é uns terem a quem recorrer, outros recorrerem à ineficácia e à burocracia estatal. Os primeiros esperam os segundos desesperam. A isto chamamos igualdade de oportunidades.

2. Já alguém visitou - com olhos de ver - o Hospital Reynaldo Dos Santos em Vila Franca de Xira? Pois se gostaram do Lisboa - Dakar - este não lhe fica atrás.Um labirinto de ruelas mal alcatroadas para se lá chegar. O parque de estacionamento, em terra batida, lama, folhas e pedregulhos desfia a paciencia do condutor do mais poderoso jeep, que anseia já por um final feliz. A sala de espera que aguardamos ansiosmente depois da aventura da "aterragem" da nave em terreno inóspido, não terá mais de 30, 40 metros quadrados, sendo que no mínimo está ocupada em permananencia por quase cem pessoas, crianças inclusive...
Às três da tarde não avistei úma unica enfermeira. Pedi uma informação às empregadas da limpeza, que me rugiram algo entre dentes e... foi tudo... Fica aqui um alerta à Senhora Presidente da Câmara de Vila Franca e ao Governo, em especial ao Ministério da Saúde. Ota , TGV que mais ? Para quando este novo Hospital que serve quase todo o Ribatejo. Há pelo menos dez anos que não passa do plano? Uns esperam... outros desesperam...

3. Num Hospital Particular em Lisboa, uma pessoa de famíia teve de se sujeitar a uma pequena intervenção cirurgica. Tendo essa pessoa uma vida profissional muito activa, lá fez das tripas coração quando o médico a avisou que teria de permanecer no dito hospital pelo menos uma noite, visto tratar-se de uma anestesia geral. Foi-lhe também dito que no dia da intervenção teria de se dirigir ao "local do crime" às sete e meia da manhã, em ponto! A custo lá se convenceu, adiando todas as reuniões do dia e, às sete e meia da manhã, pontualmente apresentou-se ao " serviço". Pois não é que esperou em jejum, sem ter visto vivalma a não ser um enfermeiro que lhe veio medir a tenção, das ditas sete e meia da manhã até às quatro e meia da tarde - nove arrastadas horas - altura em que chegou uma maca apressada que apressada o levou para o bloco! No dia seguinte a história repetiu se. " Pode sair às oito e meia da manhã"... a esperança é a última a morrer e, lá esperou o dito convalescente até às 13H30 para finalmente o médico, que prometeu vir de madrugada, lhe dar alta. Uma questão de timmings. O timming dos médicos particulares dos hospitais particulares é diametralmente diferente dos não- médicos pessaas comuns, comuns mortais como nós. Contra a ansiedade não há ainda remédio que se prescreva. Uns esperam... outros desesperam...