quarta-feira, março 22, 2006

Funcionários públicos, para que vos quero?

Mas porque raio toda a gente considera um supremo acto de felicidade não fazer a ponta de um corno? Funcionários públicos a suspirarem, cozendo as horas de labuta ao forro do casaco, distraindo-se em resorts turísticos na net deliciados com palmeiras verdejantes e baías de golfinhos insultando os minutos porque tardam a passar. Não valeria mais ficarem em casa? Que poupança representaria para os cofres do estado? Não gastavam horas de Internet, chats e mails piadéticos, poupava-se em telefonemas para o telemóvel da avozinha, da empregada, da colega e do médico; não teriam oportunidade de fazer tantas asneiras, não gastavam água e luz e o país progredia na mesma, provavelmente mais. De resto convenço-me que é nas repartições públicas e municipais que mais se consomem revistas cor-de-rosa, sites exóticos, baixas fraudulentas, psicológicas e afins, iogurtes magros, garrafas de água e maças verdes. É nas repartições públicas, viciantes e asfixiantes, destas que demoram 3 meses a vomitar uma simples licença de habitação daquelas clarinhas sem problemas de nenhuma ordem, que mais elevado é o gozo do tédio, mais agudas as reivindicações, mas se apregoam os direitos individuais e colectivos, mais intensa a calhandrice, mais curtas as horas. É nas repartições publicas que os chefes são mais violentamente odiados, o trabalho mais adiado, os fins-de-semana mais ampliados, suspirando por eles desde segunda de manhã; é nas repartições públicas que mais café se consome, piores são as línguas e mais demorados os almoços.

Pergunto o que de resto nunca ninguém me soube ainda responder: para que servem
700 000 macacos num país de 10 milhões de habitantes? Só a título de comparação – na Suécia o Ministério de Educação conta apenas com 60 empregados incluindo o ministro, mas no nosso querido país da bem aventurança… do clima ameno e dos empregos garantidos … quantos mais, melhor! Deveres? Nem de pequenino!

sexta-feira, março 10, 2006

Seguros para que vos quero?

Isto é de gritos. Pagamos os seguros com língua de palmo e nunca estamos verdadeiramente seguros, pagamos alarmes contra intrusão de ladrões, contra incêndio e outras maleitas domesticas e nada … nunca ninguém nos acode, nos dá colo e nos ampara na desgraça, não serve para nada a não ser para quem nunca venha a ter “ in a life time” problemas deste género.

Senão vejamos:

1. Seguros – Tive um pequeno acidente no estrangeiro na prática de desporto, pensei para salvar as férias – vou ao médico faço fisioterapia, tomo anti inflamatórios potentes, guardo o recibo e o seguro cobre tudo. Até fiz um seguro especial, o seguro do seguro e ainda mais um extra para além de ter pago a estadia com o cartão Visa que tem por inerência um seguro de viagem. Tudo isto a jogar pelo seguro para ter a certeza que nenhum imponderável me iria apanhar desprevenida. Depois de ter recuperado do susto pus-me ao telefone de Itália com a menina: “ estou a falar com… --…Sr.ª Dona Maria João, pois Sr.ª Dona Maria João, lamentamos mas infelizmente não podemos cobrir os custos foi socorrida na altura? Não, pois tem de compreender que só cobrimos se tiver o formulário cor de rosa de socorro no local do acidente! Claro. Compreendo. Não chamou a polícia…” – Polícia por um acidente que tive sozinha na prática do meu desporto favorito? – “Sinto muito, Sr.ª Dona Maria João, lamento mas não a podemos ajudar”. Ok! Pela negligência de não ter chamado a polícia nem ter preenchido o formulário cor-de-rosa lá vão mais de 2000€.

2. Seguros ainda – fui excluída da minha companhia de seguros de automóveis por ter dado três míseros toques em parceiros de condução e por te tido o azar de me furarem os quatro pneus quando algum inimigo me resolveu chatear. Seguro? Para nada, rigorosamente para nada mais 2000€.

3. Alarme contra intrusão – o vento empurrou uma porta da minha casa, no dia em que nevou em Lisboa, o alarme, pouco habituado a estas intempéries, sabe-se lá porquê disparou. Ora eu estava a ver a neve, não em casa, mas algures fora de Lisboa. Isto passou-se dia 29 de Janeiro, Domingo. Eis senão quando a polícia, munida duma contra ordenação não para me levar presa nem para ficar com os meus bens, mas para que eu pagasse uma avultada coima, resolveu ir bater-me à porta na sequência do disparo do alarme, apenas ontem dia 8 de Março! Ok eu sei que o ritmo da PSP não é o mesmo ritmo dos larápios, nem do vento, nem da neve que personalizou este ataque inesperado a minha casa. Mas, caramba! eu sou um simples munícipe, pago os meus impostos a horas certas, a conta da empresa de segurança contra intrusos, a apólice do seguro por inteiro e sem refilar e nada, mas rigorosamente de nada me salva…

Ainda dizem que tenho, temos, porque não deve ser só comigo, mau feitio…