quarta-feira, abril 12, 2006

Chumbo fatal

É incrível mas é verdade. Um verdadeiro chumbo. Parece que o único propósito dos examinadores de condução antigamente chamados pomposamente de “engenheiros” é chumbar o desgraçado do aprendiz que nutre um único e legítimo desejo de finalmente possuir carta de condução. Mas não! Alguém lhes deve ter dito que o país não precisa de mais perigosos abutres criminosos ao volante, por isso toca de arranjar todas as formas possíveis de os reter a montante Nunca vi tanta gente ilustre, rapazes e raparigas com as melhores notas nos exames nacionais de 12º ano a chumbaram não uma, nem duas, nem três, mas cinco vezes num mero e simples exame de código para o qual só é preciso simplesmente a antiga quarta classe. Algo vai mal nesta imensa negociata…cada exame custa mais de 270 Euros para a condução e cerca de 150 para o código, fora as aulas, fora a ansiedade, fora as horas consumidas frente ao computador a fazer testes e mais testes. Como sou altruísta, digo mesmo que melhor seria pensarem em retirar-me a carta, a mim que nem uma única pergunta acerto nos testes de código e sou um verdadeiro pé a conduzir, do que ao meu filho, que chora como uma criança pequena depois de um imenso esforço e treino de mais de cem testes. “Quero desistir! Desisto de tirar a carta”. Não está certo! Hoje os exames de código não são mais do que imensas ratoeiras que não interessam nem ao menino Jesus e que visam apurar mais as competências linguísticas e a capacidade de aplicar regras de interpretação da língua portuguesa do que a capacidade de aplicar regras de transito. E quanto à condução nem falar! Os examinadores são treinados em elevar o nível de ansiedade e nervosismo do examinado, sobretudo se o desgraçado for mulher e se tiver a suar das mãos. A bem da segurança rodoviária que obviamente todos prezamos, tudo é permitido: balançar os dedos no tablier, suspirar e abanar a cabeça que, como se sabe, acalma bastante o examinado durante os 40 minutos de suplício que dura a prova. Segurança rodoviária começa pela verificação das manobras perigosas e excesso de velocidade por este país fora e de um controlo eficaz aos elevados consumos de álcool sobretudo pelos jovens. Penalizar quem nunca pecou, é um aluno aplicado e ousa sonhar, caramba! Cortar as pernas assim só mesmo num país sem coração, sem estímulo e assolapado pelo puro prazer do mais idiota, descabido e despudorado exercício da autoridade.