sexta-feira, abril 21, 2006

Basta!

Não é possível que a lei da adopção continue a deixar armazenar crianças como até aqui. Basta olhar para as comissões de protecção e as extensas listas que cada uma tem em cima da secretária como casos pendentes; basta abrir o noticiário da noite; basta confrontarmo-nos com o país real, a morte real de crianças que teriam outra sorte não fosse o país onde ousaram um dia nascer… Basta! Enquanto as técnicas de segurança social se importarem mais com o verniz das unhas e com todos os pontos e vírgulas da lei, enquanto a bica e o nata a meio da manhã lhes foram imperativos, enquanto a insensibilidade lhes continuar a corroer os corações e o sangue que lhes corre nas veias for à prova de emoções e de factos “triviais” como o futuro de uma criança que embora não pareça está exclusivamente dependente das mãos destas senhoras doutoras, a coisa vai a mal. E estou ser branda, muito branda até… porque raio uma “tia” de Cascais imatura, desorganizada, emocionalmente, instável e divorciada mas com as algibeiras a abarrotar de euros conseguiu em tempo record adoptar 4 crianças pequenas (não outras já rejeitadas pela idade avançada que conseguiram entretanto somar, o que as crucifica a permanecer até a maioria numa instituição) e, uma outra família, cuja mulher é uma honesta empregada doméstica com um casamento estável de 15 anos, a viver do seu ordenado e das poupanças que entretanto conseguiu reunir, vê-se privada do sonho legítimo de adoptar uma criança? Já lá vão mais de 6 anos e nada? Porquê? Está por aí algum por me saiba responder? Por estas e outras é que tenho muitas vezes vergonha de ser portuguesa.

quarta-feira, abril 12, 2006

Chumbo fatal

É incrível mas é verdade. Um verdadeiro chumbo. Parece que o único propósito dos examinadores de condução antigamente chamados pomposamente de “engenheiros” é chumbar o desgraçado do aprendiz que nutre um único e legítimo desejo de finalmente possuir carta de condução. Mas não! Alguém lhes deve ter dito que o país não precisa de mais perigosos abutres criminosos ao volante, por isso toca de arranjar todas as formas possíveis de os reter a montante Nunca vi tanta gente ilustre, rapazes e raparigas com as melhores notas nos exames nacionais de 12º ano a chumbaram não uma, nem duas, nem três, mas cinco vezes num mero e simples exame de código para o qual só é preciso simplesmente a antiga quarta classe. Algo vai mal nesta imensa negociata…cada exame custa mais de 270 Euros para a condução e cerca de 150 para o código, fora as aulas, fora a ansiedade, fora as horas consumidas frente ao computador a fazer testes e mais testes. Como sou altruísta, digo mesmo que melhor seria pensarem em retirar-me a carta, a mim que nem uma única pergunta acerto nos testes de código e sou um verdadeiro pé a conduzir, do que ao meu filho, que chora como uma criança pequena depois de um imenso esforço e treino de mais de cem testes. “Quero desistir! Desisto de tirar a carta”. Não está certo! Hoje os exames de código não são mais do que imensas ratoeiras que não interessam nem ao menino Jesus e que visam apurar mais as competências linguísticas e a capacidade de aplicar regras de interpretação da língua portuguesa do que a capacidade de aplicar regras de transito. E quanto à condução nem falar! Os examinadores são treinados em elevar o nível de ansiedade e nervosismo do examinado, sobretudo se o desgraçado for mulher e se tiver a suar das mãos. A bem da segurança rodoviária que obviamente todos prezamos, tudo é permitido: balançar os dedos no tablier, suspirar e abanar a cabeça que, como se sabe, acalma bastante o examinado durante os 40 minutos de suplício que dura a prova. Segurança rodoviária começa pela verificação das manobras perigosas e excesso de velocidade por este país fora e de um controlo eficaz aos elevados consumos de álcool sobretudo pelos jovens. Penalizar quem nunca pecou, é um aluno aplicado e ousa sonhar, caramba! Cortar as pernas assim só mesmo num país sem coração, sem estímulo e assolapado pelo puro prazer do mais idiota, descabido e despudorado exercício da autoridade.

terça-feira, abril 04, 2006

Estado de Choque

Estamos na era das novas tecnologias, melhor do prometido choque tecnológico amplamente anunciado pelo Eng.º José Sócrates - O estado do Choque. Já sentimos a terra a tremer, os cabelos electrizados, as pontas dos dedos doridas de tanto navegar a caminho das prometidas Novas Tecnologias (NT) – Computadores no 1ºciclo, (enfim… hum… pelo que sei muitos deles continuam com bonitos naperons de crochés e jarros de flores em cima), acções de formação para professores (bem precisam, sim senhora!) bolsas de estudo para futuros doutores e por aí fora… mas enfim. Experimentem começar esta era das NTs com um mísero e comezinho problema na internet de casa, da Tv. Cabo, ou de um simples canal 1 da Tv. portuguesa… altas tecnologias é claro! O pronuncio das NTs mas apenas o pronuncio. Desligar um canal, aderir ao novo pacote FuntasticLife, aos canais de filmes da Lusomundo, desligar a box e passar a ter apenas os canais abertos, ou tentar obter mais um modem para a netcabo, tudo missões impossíveis. Atende-nos a menina que nos trata pelo nome próprio, que passa ao chefe, que liga amavelmente à outra empresa que vem assistir-nos no local, que tenta de novo porque nunca consegue à primeira e assim por diante até ficarmos com os cabelos electrizados, não do choque tecnológico mas do choque burocrático-incompetente no pais do Simplex. Nunca menos de 5 a 6 horas perdidas, nunca menos de dez telefonemas, de quinze minutos sem parar, nunca menos de 6 faxes. Ou pagamos e não temos ou não pagamos e temos, correndo o risco de munidos de um acesso de fúria matarmos o canário, partirmos a dinastia Ming do armário da sala, divorciarmo-nos do marido – sempre o culpado maior – ou puxarmos o cabelo ao filho até ao chão... Entendam se Senhores – porque nos dais tanta dor porque padecemos assim? O trabalho começa em casa…antes de voarmos mais alto como cidadãos portugueses de impostos em dia, pretendemos que o choque tecnológico comece na profissionalização, competência, rigor e rapidez de tudo o que a bem da qualidade de vida nos entra em casa… por favor! Ponham, ordem no assunto, o estado neste momento não é o prometido Estado do Choque mas o verdadeiro e demolidor da paciência humana Estado de Choque!